domingo, 22 de maio de 2011

A casa Caiu? Mesmo?

“A casa caiu”. Esta, a reportagem de capa da revista Veja, edição de 09 de março de 2010. O semanário de maior circulação no Brasil trata, em detalhes, do esquema montado em 2002 por Luiz Malheiro, então presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários, no estado de São Paulo.

Naquela época, Malheiros convocou funcionários, empreiteiros e fornecedores para lhes anunciar o apoio da Bancoop à candidatura de Lula à Presidência da República. Disse-lhes que a contribuição das empreiteiras seria mediante a emissão de notas frias em favor da Bancoop, esquema que funcionou intensamente em 2002.

A maracutaia, para usar costumeira expressão de Lula, quando se dizia fiel a princípios éticos e honestos, funcionava assim: A Bancoop pagava os serviços fictícios, cobrados por empreiteiros à vista de notas fiscais frias, mediante emissão de cheques nominais às empresas ou a seus diretores.

Os cheques da Bancoop eram descontados na boca do caixa e o dinheiro repassado, posteriormente, a João Vaccari Neto, diretor da entidade e atual tesoureiro do PT. As entregas do numerário foram efetuadas semanalmente e duraram até 2004, ano em que morreram, em acidente de automóvel, Luiz Malheiro e dois outros dirigentes da cooperativa.

Em dezembro de 2004, segundo apurou a revista Veja, a Bancoop, por intermédio da corretora Planner, captou mais de trinta e seis milhões de reais de fundos de pensão de estatais, controlados pelo Partido dos Trabalhadores.

Pobres fundos ricos!

Entre 2005 e 2006 foram repassados à empresa Caso – Sistemas de Segurança (e que segurança!), pertencente a Freud Godoy, ex-guarda costas do Lula, um milhão e quinhentos mil reais. Godoy é um dos aloprados que compraram dossiê falso para incriminar o candidato a governador de São Paulo, José Serra, na campanha de 2006.

A Bancoop, com dois mil associados, pessoas humildes, de parcos recursos, que acreditaram na lisura dos negócios administrados por entidade partidária que antes se dizia honesta, o PT, deu um gigantesco calote nos adquirentes, como Heleno e Tânia de Oliveira, lesados em sua boa fé.

O déficit da cooperativa fundada por Ricardo Berzoini, também um dos aloprados do dossiê tucano de 2006 e presidente do PT à época, alcançou a expressiva soma de 135 milhões de reais.

Depoimentos colhidos pelo Ministério Público, ainda segundo a revista Veja, dão conta de que o dinheiro da Bancoop serviu para abastecer os cofres da campanha que levou Lula à Presidência da República, em 2002.

João Vaccari Neto – gravem bem esse nome – foi tesoureiro do PT e, por certo, cuidou das finanças da campanha da Dilma, embora ela o tenha negado em notícia veiculada na Internet, no dia 09 de março de 2010.

Chamo a atenção do leitor para o que Vaccari teria sido capaz, como tesoureiro da campanha da Dilma. Rebusco na memória o que disse a reportagem: “Um dos dados mais estarrecedores que emergem dos extratos bancários analisados pelo Ministério Público é o milionário volume de cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco: 31 milhões de reais só na pequena amostragem analisada”.

Transcrevo, ainda, o que disse o promotor de Justiça José Carlos Blat, após analisar mais de oito mil páginas de transações efetuadas pela desqualificada cooperativa: “A Bancoop é hoje uma organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT”. Entenderam a gravidade?

Se tudo ocorreu na gestão de Vaccari como diretor financeiro e presidente da Bancoop, o que teria feito ele como tesoureiro geral do Partido dos Trabalhadores e da campanha presidencial de Dilma Rousseff?

Você sabe.

Eu, também!

O que não será capaz essa gente, agora no poder, arrecadando somas astronômicas de empresas coniventes com a corrupção que advirá da nova gestão administrativa do país? A Justiça... Bem... A Justiça... Desculpe o leitor, mas não me sinto encorajado a emitir juízo de valor sobre julgamentos políticos, ao saber que processos caducam esquecidos nos escaninhos do Judiciário. O caso Arruda, do Distrito Federal, talvez não passe de um lampejo de moralidade, de eficiência ou... Simplesmente, não sei o que dizer.

Os exemplos são muitos.

Os resultados, poucos e desanimadores.

É o Brasil, com sua Justiça cega, capenga e preguiçosa!

Terei eu, razão, ao emitir tal julgamento?

Infelizmente, é o que temos visto e crido.

Se, como diz a reportagem, a vista de informações obtidas do Ministério Público, a campanha presidencial em que Lula tornou-se o que é hoje foi custeada com recursos ilícitos, advindo de entidade (cooperativa) que não poderia contribuir com campanhas eleitorais, por impedimento legal, e não teve seus direitos políticos cassados até hoje, o que dizer eu, um simples escrevinhador, leigo em assuntos políticos?

A casa caiu, como diz o título da reportagem da Veja?

Duvido!

No poder, eles fazem o que bem entendem.

Nós pagamos a conta.

Crime (quase) Hediondo

Se o leitor já conhece, tudo bem. Se não, eis algumas considerações sobre o significado da palavra “língua”, e de suas variadas derivações. Língua, no sentido fisiológico do termo, é o órgão muscular situado na boca, responsável pelo paladar e pelo som que emitimos proveniente da garganta.

O dicionário Houaiss, indispensável meio de consulta a despretensiosos escritores como eu, de parco vocabulário e de intensa preocupação em não ferir nosso rico idioma vernáculo, enumera vinte e uma grafias e significados para a palavra língua.

Vejamos alguns:

Língua cristã; língua-da-costa; língua-de-badalo; língua-de-cão; língua-de-sapo; língua-de-sogra, entre outras. Eu ainda acrescento: língua ferina; língua traiçoeira; língua suja, e tantas mais que a memória envelhecida não me permite lembrar.

Língua-cristã é qualquer forma de expressão, exceto a chinesa; língua-da-costa, por exemplo, é o idioma ioruba, falado nos candomblés. Ioruba é o povo africano do Sudeste da Nigéria, com grupos espalhados pelas Repúblicas de Benin e do Togo, trazido para o Brasil como escravo; aqui, recebeu o nome de magô. Língua-de-badalo é quem fala muito; língua-de-cão refere-se a uma erva nativa da Europa e do Canadá, enquanto a língua-de-sogra é conhecida como um apito, uma espécie de língua comprida, assim chamada, talvez, para conceituar a intromissão da mãe do marido ou da mulher na vida do casal.

Existem outras denominações para a palavra língua. A usada pelos petistas encastelados no governo deveria ser chamada de “língua-ferina”, por seus impiedosos ataques aos adversários políticos. Também poderíamos, diferentemente do que significa na Europa e no Canadá, conceituá-la aqui como “língua-de-cão”, expressando tudo que o Demo lhes inspira e orienta.

Por que língua-de-cão?

Respondo:

A recente coleção de livros distribuída a estudantes das escolas públicas brasileiras, sob o título Por uma Vida Melhor, na qual contempla a pérola Viver e Aprender, só pode ter sido inspirada por Satanás, o pai da mentira, das dissoluções e da intriga, encarnado nos petistas, atuais ditadores das absurdas normas que devemos cumprir.

Na infeliz “obra” editada sob os auspícios do MEC, os autores defendem o uso da linguagem popular, afirmando que as “regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva”. Se abonar erros de concordância for uma forma de vida para a língua portuguesa é melhor sentenciá-la à morte ou à cessação definitiva do saber, consubstanciada no analfabetismo de estudantes das escolas públicas, carentes de bons professores e de equipamentos que sirvam à melhoria da instrução.

A educadora Heloísa Ramos, autora de tão expressiva bobagem, defende a substituição dos conceitos “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. Para ela, são inadequadas as expressões “nós pega o peixe” ou “nós vai” e “nós viu”. A proficiente mestra não as considera erradas. Segundo alega, chamar a atenção do aluno para a incorreção gramatical ou instrui-lo corretamente seria uma forma de preconceito linguístico.

Depois do preconceito homofóbico, o preconceito linguístico.

Em épocas passadas, quando se primava pelo bom uso da língua portuguesa, o Ministério da Educação não teria distribuído quase meio milhão de exemplares da malfadada coleção, consignando uma aberração gramatical condenada por estudiosos e profissionais das letras. Hoje, porém, sob a batuta vermelha, capitaneada por um analfabeto que governou o país atropelando a gramática, vemos o vernáculo tupiniquim insultado sem dó nem piedade.

Os reacionários petistas estariam criando novo idioma, o “lulês”, em detrimento do português?

Brevemente, teremos uma imprensa muda, punições severas para opiniões pessoais sobre o homossexualismo, o casamento de pessoas do mesmo sexo, perseguição aos cultos cristãos, e por fim a ditadura do proletariado sobre honrados cidadãos, construtores da nação livre e em desenvolvimento que receberam e administram desde 2003.

Você verá!

Infelizmente!

Os livros eivados de barbarismo, entregues a estudantes carentes, são instrumento da destruição educacional e do robustecimento da ignorância, tão necessários à permanência de políticos profissionais, corruptos, desprovidos de sentimento de brasilidade. Assim, serão perpetuados no poder.

Como disse certo leitor de conceituado jornal: “... queimem já esses livros do MEC, que ensinam português errado. Essa barbaridade tem de ser punida com a demissão dos responsáveis”. Outro disse, jocosamente: “O MEC é mesmo uma piada! Agora ninguém mais gozará os paulistas, quando eles pedirem um chopes e dois pastel”.

Façam menas bobagens, bobos petistas!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A diferença entre Lula (o presidente) e eu

Nasci em 1941 e Lula em 1945. Minha mãe, como a do presidente, nasceu analfabeta. Meu pai, também; inclusive eu. Lamento que os meus avós tenham tido o mesmo destino; meus tios e toda a minha parentela não tiveram sorte diferente. Não foi apenas o caso da primeira mãe. Recorro a esse entendimento equivocado do presidente, para tornar o texto mais leve. Ou seria possível, nos anos 40, em Pernambuco, a pessoa já nascer alfabetizada?

Que bobagem, presidente!

Talvez haja alguma semelhança entre nós, como veremos adiante.

Espero que o leitor seja sábio ao cotejá-la.

Somos ambos nordestinos. Eu, da Paraíba; ele, pernambucano. Nossas famílias tiveram destino trágico e semelhante: eram pobres, renegados da sorte. Lula foi criado por pai e mãe, apesar dos percalços e da cachaça “mardita” que o Aristides bebia, até manifestar-se, como diz, violento com a mulher e os filhos.

A verdade talvez seja menos dramática.

No meu caso, fiquei órfão de pai aos seis anos de idade. Pobre, entregue juntamente com meus dois irmãos à administração familiar e educativa de minha mãe, vi a sorte sorrir em futuro longínquo.

Ainda menino, Lula e a família mudaram-se para São Paulo. Viajaram em pau de arara, um dos principais transportes daquela época, desprovida de boas estradas e de raríssimas linhas rodoviárias e aéreas, principalmente no nordeste seco e espoliado pelos políticos.

Eu emigrei dentro do próprio estado. Fui com a família para Campina Grande, a São Paulo paraibana, destacada por sua pujança econômica. Fugimos da pobreza e das incertezas futuras.

Chegamos ainda crianças, Lula e eu, a cidades diferentes, sem futuro definido, desempregados e entregues à própria sorte. Lula tinha o pai, Aristides, bêbado irresponsável, mas que de qualquer forma lhe provia o sustento, por minguado que fosse. Eu dispunha apenas dos esforços de minha mãe, aprendiz de costureira.

Nossa casa era um casebre de três vãos, sem água encanada, abastecida por mim, que a transportava em duas latas suspensas por cordas que quase tocavam o chão em virtude de minha pequena estatura. A distância de dois quilômetros era percorrida com esforço; os ombros doloridos sentiam alívio a cada período suportável.

Não sei como morava o Lula, nessa época. Possivelmente, sem o conforto da água encanada. O herói de muitos brasileiros não teve sorte diferente da minha.

Assim vivemos Lula e eu, seus irmãos e os meus acompanhados das mães, ainda analfabetas. A de Lula, segundo suas próprias palavras, não sabia fazer o “ó” com o copo. Um exagero utilizado por ele para sensibilizar as pessoas. Mestre em metáforas, conquista os mais despreparados culturalmente, fazendo-os vibrar com sua eloquência marota.

As dificuldades financeiras eram similares às duas famílias. Comecei a trabalhar aos treze anos, transportando caixa no cocuruto, adaptável por ser nordestino. Lula iniciou a labuta diária tão cedo quanto eu.

Depois de longa caminhada, Lula tornou-se torneiro mecânico e eu bacharel em Ciências Contábeis. Trabalhei de dia e estudei à noite. Assim como meu irmão mais novo que se formou engenheiro eletricista em uma das mais prestigiadas universidades do país, a Escola Politécnica de Campina Grande, na Paraíba.

Lula não estudou.

Tem ojeriza aos livros.

O ex-metalúrgico não padeceu mais do que eu. Sua vida não foi assim... tão sofrida, como diz o livro biográfico de Denise Paraná. É só ver as fotografias da época, expostas no compêndio-propaganda, para confirmar a verdade. As fotos revelam uma vida diferente, menos castigada do que a revelada por ambos: por Denise e pelo biografado.

Escrevo esta crônica, cujo título me parece oportuno – A diferença entre Lula e eu – para alertar os leitores quanto ao endeusamento de uma pessoa sem os méritos exageradamente fabricados por seus marqueteiros, e que nem mesmo agora se afigura merecedora dos elogios e da propaganda patrocinados pela mídia oportunista e por bajuladores de plantão. Todos, motivados por interesses escusos.

Se alguém venceu com méritos, não foi o Lula.

Eu também não mereço considerações elogiosas pelo esforço empreendido para enfrentar os obstáculos cotidianos e as agruras de uma vida órfã e sofrida.

Cheguei lá, por conta dos estudos que faltaram ao presidente.

O trabalho também não foi o seu forte.

Greves e viagens ocupavam todo o seu tempo.

A verdade me credencia a citar passagens de minha vida pobre, mas vitoriosa, sem riqueza ou regalos imerecidos. A verdadeira trajetória do Lula, o ex-retirante, ex-metalúrgico, e agora presidente da República, talvez não mereça a mesma fé.

Que o diga a escritora Denise Paraná, autora da biografia transformada em filme, cujo título imerecido é “Lula, o filho do Brasil”.

Considerando as inverdades e fantasias ali publicadas, o povo brasileiro, legítimo descendente deste Brasil de todos nós, exige a devolução do título usurpado por Denise para agradar a aberração criada por ela.

Lula e eu somos diferentes.

Eu sou mais eu.

Ele, uma figura de ficção, criada por intelectuais vermelhos e pela imprensa oportunista para satisfação de um povo despreparado, desmemoriado e ausente.

Ao cotejar as nossas histórias, o leitor verificará a diferença.

sábado, 26 de dezembro de 2009

A deusa que não chegou ao "céu" (crônica)

Aos três aninhos, Alice era uma linda criança. De pele rosada, cabelos loiros e cacheados, tinha os olhos azuis, quase lilás, herdados da mãe, uma gaucha nascida na fronteira com a Argentina.

A garotinha era bastante esperta, falava com desenvoltura e até lia frases curtas e esboçava alguns traços em seus desenhos infantis. De tão primorosa, chegou a ter o nome cogitado para apresentar programa televisivo para crianças da sua idade.

A emissora de televisão desistiu do contrato em virtude do exagero cobrado pelo pai para transformá-la em celebridade mirim, uma moda perniciosa ao desenvolvimento comportamental de “pequenos gênios”, como Alice.

A menina crescia em beleza e formosura. Boa aluna, estudiosa e responsável, era orientada por psicólogos e pedagogos que a instruíam para o futuro. Os exemplos das modelos desfilando nas passarelas de Nova Iorque, Milão e Paris, suas conterrâneas de sucesso vertiginoso e bem remunerado, eram imitados e perseguidos com a certeza cintilando nos olhos dos pais e produtores.

Alice chegou aos quinze anos em forma de anjo ou da divindade grega Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Pouco se podia exigir dela para aumentar-lhe o encanto físico. Talvez Venus e La Gioconda, se a vissem, “morreriam de inveja”, dizia o seu costureiro predileto, Júpiter da Silva, considerado o deus de todos os deuses da alta costura.

Um ícone da moda tupiniquim com acesso às passarelas internacionais.

No glamour dos desfiles, o amor despontava célere em seu coraçãozinho de menina moça; mais moça que menina, principalmente se o corpo esbelto, o rosto perfeito e as pernas longas e torneadas fossem mostrados como mimo dos deuses a nós, pobres mortais.

Alice, a “maravilhosa”, recebeu o título para enaltecer sua beleza ímpar. A designação assemelhava-se às concedidas aos jogadores de futebol, por seus desempenhos em campo. “Rei, fenômeno, imperador, nada representam, comparados ao carinhoso epíteto que a impressa deu à nossa deusa”, disse, certa vez, Júpiter, seu guru e mentor de sucesso.

Certo dia, após uma noitada para comemorar o êxito de um desfile garboso em uma das pistas mais famosas do mundo da moda, Alice bebeu demasiadamente. Caiu nos braços de Baco como se aquela festa maravilhosa fosse a última.

Chegou a sua residência dirigindo o próprio carro, último modelo de expressiva marca internacional.

A mãe a recebeu à porta. Constrangida, retirou-lhe dos ombros o rico casaco, confeccionado com a pele de uma espécie criada em cativeiro, guardou seus pertences pessoais e a chave do carro, que mais tarde seria depositado na garagem lotada de outros modelos, não menos estilosos, confortáveis e invejados por grande parte dos mortais.

Algum tempo depois, Alice insistia com a mãe pela chave de algum veículo, pois pretendia retornar à festa. A mãe não permitia que saísse a dirigir em estado etílico tão preocupante e perigoso. Previdente, quando a filha adentrou o quarto, localizado no segundo andar do apartamento, fechou a porta para salvaguardar-lhe o estado físico, a saúde ou a vida dela e de pessoas que eventualmente cruzassem o caminho da bela modelo.

A jovem, percebendo a manobra materna, retirou de um pequeno bauzinho dourado uma das chaves reservas dos veículos estacionados na garagem. Tentou o trinco da porta: fechada! Abriu a janela, ultrapassou o portal, procurou apoio para os pés, e despencou janela abaixo.

Espatifou-se no chão de concreto.

A queda partiu-lhe ossos da face, do crânio, das pernas, deformando-lhe o corpo perfeito, vitimado pelo excesso de bebidas alcoólicas no embalo festivo para onde pretendia voltar.

Não deu.

Pobre Alice, que hoje vive deformada, em estado semivivo, a depender de terceiros para satisfazer-lhe as necessidades físicas.

O excesso é sempre prejudicial.

De álcool, pior ainda.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"... E o amor de muitos esfriará" (crônica)

Os que gostam de cinema buscam na televisão fascinantes histórias de amor, ódio, vingança, suspense ou terror, para se divertir, ocupar o tempo ou desanuviar o espírito indagativo; os amantes da música recorrem aos aparelhos de som em busca de suaves e inspiradas melodias; os fascinados pela leitura procuram nos livros o conhecimento e a diversão oferecidos por estes maravilhosos instrumentos do saber; os ligados à arte de escrever empunham suas penas silenciosas a fim de produzir frases rebuscadas que lhes permitam a construção de ideias originais e instrutivas.

Há, ainda, os da era cibernética, “vidrados” em notícias, curiosidades, passa tempo ou bisbilhotice. Todos, em minha opinião, agem corretamente, pois seguem suas convicções, seus interesses, gostos e atitudes.

Nada contra.

Pelo contrário. Aplaudo os que buscam o conhecimento.

Independente da forma.

Sou um desses “loucos” pela televisão; não aquela tevê irreverente, apelativa, atrevida, contrária aos bons costumes, à ordem e à decência, mas a entidade divertida, educativa e instrutiva. Também gosto da música, da leitura e, muito mais ainda, da escrita. Meu hábito de escrever às vezes se sobrepõe a outros interesses pessoais. Escrevo por prazer, apenas preocupado em não desagradar o leitor que eventualmente me lê. Por respeitá-lo, esforço-me para não agredir o vernáculo com assídua frequência.

Os erros gramaticais causam-me horror.

Nem por isso deixo de escrever.

Que o leitor me perdoe e Deus tenha misericórdia de mim!

Não nego. Sou assíduo frequentador da caixa de mensagem do meu computador pessoal. Ligo-o diariamente para receber os e-mails enviados por seletos amigos.

Infelizmente, alguns são portadores de ofertas irritantes de produtos ou serviços de rara utilidade e de pouco interesse de minha parte; outros contêm belas mensagens de amor Cristão, conselhos amigos, pedidos de ajuda fraternal a pessoas necessitadas... A maioria é oportuna e interessante; muitos são debochados, irreverentes e até pornográficos.

O que fazer, se defendemos a liberdade de informação?

Hoje, por exemplo, recebi uma dessas mensagens que me tocou muito a sensibilidade. Depois de tê-la compartilhado com os amigos que me distinguiram com o fornecimento de seus endereços eletrônicos, desejo também comparti-lo com os leitores de O Recanto das Letras, por serem merecedores de minha mais elevada consideração. A deferência que sinto por esses amigos cibernéticos fez-me tomar a iniciativa de transcrever a seguinte mensagem, resumida, porém sem alterar-lhe essência, para que dela tomem conhecimento.

Ei-la, portanto:

Os personagens dessa história são Agenor e Ricardinho. Pai e filho. Ambos perambulam pela cidade grande; Agenor, em busca do emprego negado há dois anos. Pai e filho amargam momentos difíceis, com a fome de dias a importunar-lhes os estômagos vazios que reclamam de dores agudas provocadas pelo ácido clorídrico. O garoto diz, repetidas vezes, estar faminto; Agenor pede-lhe paciência. Entra em uma padaria e conta ao proprietário o que tanto lhe atormenta: a falta de emprego que lhe proporcione meios para o sustento da família. Oferece-se ao senhor Amaro para lavar o chão, pratos e copos, qualquer serviço que seja em troca de comida para ele e o filho.

O senhor Amaro, condoído com a história dos dois, fornece-lhes duas suculentas refeições. Ricardinho principia a devorar a comida sem delongas; Agenor sente as lágrimas escorrerem pelo rosto, misturando-se aos ingredientes que se tornam um bolo difícil de engolir. Amaro percebe a dificuldade do homem e pergunta-lhe o que ainda está acontecendo. “Não posso comer, sabendo estar minha esposa e dois outros filhos em casa, com fome de dias”.

Amaro tranquiliza-o dizendo que lhe arrumará emprego. Providenciou não só o trabalho, como lhe forneceu uma cesta básica de alimentos para os próximos quinze dias.

A família agradeceria ao seu benfeitor por toda vida!

Agenor foi grato ao senhor Amaro, trabalhando com afinco e desmedido interesse. O patrão convenceu-o a estudar em uma escola próxima.

Doze anos depois, Agenor adentrou a padaria vestido em seu elegante terno de advogado. Montara escritório para servir, principalmente, aos pobres, desvalidos da justiça dos homens. Amaro sentiu-se feliz ao ver o amigo tornar-se um vencedor. Agora, doutor Agenor Batista de Medeiros ajudaria aos que, como ele, não tinham como saciar a fome. Fundou uma instituição, à qual denominou de “Casa do Caminho”, para fornecer almoço diário aos seus duzentos frequentadores. Gratuitamente! Ricardinho administrava o empreendimento social como nutricionista, formado graças aos esforços herdados do pai.

Agenor e Amaro morreram aos 82 anos de idade; quase na mesma hora!

Ricardinho mandou afixar uma placa na entrada da Casa do Caminho. As letras impressas expressavam o elevado sentimento de solidariedade que caracterizou a vida do senhor Amaro.

A inscrição dizia:

UM DIA TIVE FOME E ME ALIMENTASTE;
ESTAVA SEM ESPERANÇAS E ME MOSTRASTE O CAMINHO;
ACORDEI SOZINHO, E ME MOSTRASTE DEUS;
ISSO NÃO TEM PREÇO!
QUE TE SOBRE O PÃO DA MISERICÓRDIA, PARA DÁ-LO A QUEM
PRECISA.

Essa história é verdadeira. Que neste Natal, você, leitor amigo, sinta no peito o desejo de ajudar ao necessitado. Atente para o que disse o aniversariante, há mais de dois mil anos: “E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”.

Não deixe isto acontecer.

Não com você!

Quem pariu Mateus... (crônica)

Caro leitor, se em algum momento de sua vida curiosa desejar acessar o site resistênciademocráticabr.blogspot.com, não se assuste com as notícias ali veiculadas. Por certo tomará conhecimento de casos escabrosos, já conhecidos, e de outros que apenas confirmarão a sua desconfiança quanto ao procedimento antiético de alguns políticos.

E olhe que são muitos!

Talvez você canse os olhos e emporcalhe a mente com as estórias narradas, uma delas sob os auspícios de Adriana Vandoni, economista, especializada em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas/EBAPE-RJ, professora universitária e comentarista política. Ela também é editora-chefe do site “prosa&política”.

Leia parte da reprodução do que escreveu a insigne professora:

“Quanto mais passa o tempo, cada vez mais me convenço de que Luiz Inácio é um s... (optei pela reticência por respeito ao cargo exercido por Sua Excelência), ou pelo menos age como se fosse. Há tempos, citei em um artigo a infame teoria que rege a vida de Lula, segundo suas próprias palavras, de que achado não é roubado. Em maio deste ano li uma matéria em IstoÉ, com Denise Paraná, uma escritora de que nada sei a seu respeito além de que é amiga de Lula e o admira, o que para mim já basta para ter as piores impressões e aceitar que ela vê luzes quando Lula fala. A matéria é sobre a vida de Lula e como ele, segundo ela, driblou o destino”.

Bem, caro leitor, para não ser mero escriba que apenas reproduz o que escreveu a doutora Adriana, tentarei sintetizar as informações e a opinião dela sobre o drible e o destino do atual presidente da República:

Lula teria como triste lembrança, o fato de não ter comido carne, ele e a família, em tempos passados. “A carne que a gente comia era mortadela que meu irmão roubava da padaria em que trabalhava”.

Conforme consta do livro de Denise Paraná, reproduzindo dizeres de Lula em entrevista concedida a autora, consoante relata Adriana, o sortudo do “primeiro irmão” achou um pacote de dinheiro, algo em torno de 34 salários mínimos, aproximadamente vinte mil reais em moeda atualizada.

A dinheirama estava embrulhada num jornal, embaixo de um carrinho (de supermercado?). Como ninguém reclamou a perda, o numerário serviu para quitar o aluguel de cinco meses atrasados e para as despesas com a mudança da família para Vila Carioca, em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Tempos depois, o presidente Lula premiou com largos elogios um funcionário do Aeroporto de Brasília que achou um pacote de dólares e fez de tudo para devolvê-lo ao legítimo dono, como de fato aconteceu.

Excelente mudança de entendimento!

Seria o início da propalada metamorfose que acometeu o presidente?

Em passado distante, a idéia de que “achado não é roubado” valeu à família presidencial a transferência que definiu sua carreira política, o seu sucesso pessoal, financeiro e patrimonial.

Esses relatos constam do livro da Denise, que serviu à produção do filme “O filho do Brasil”, recém lançado para alçar às alturas a imagem do presidente, torná-lo um mito, e fazê-lo eleger a Dilma sua sucessora.

Não tenho outro propósito ao tratar desse assunto, a não ser o de propiciar ao leitor a oportunidade de tomar conhecimento de algumas facetas da vida do “Filho do Brasil”.

Para Adriana Vandoni, Lula não driblou seu destino, como afirma a escritora Denise Paraná. Em suas palavras ásperas, se verdadeiras não sei, “ele forjou uma vida se apossando do que não é dele. Foi programado para isso. Para não ter caráter”. E disse mais: “Lula é uma massa amorfa pelo que há de pior no ser humano”.

Valha-me, Deus!

Será?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Excluído é você (crônica)

Já disse e repito: gosto de escrever. Infelizmente, não sou um homem das letras, inteligente, de palavra fácil e idéias brilhantes. Se o fosse, não escreveria como o faço, tímido, falto de desembaraço, formulando opiniões às vezes desprovidas de bom senso, temeroso de que minha mediocridade literária resulte no deboche irônico do leitor.

Por falta de assunto, resolvi escrever baseado em um e-mail contendo crônica do jornalista Vitor Assis Brasil, intitulada “O grito”.

Vejamos o que disse o insigne jornalista, de quem aproveitei a idéia para escrever o texto abaixo:

Pai e filho transitavam em um veículo, preso em congestionamento provocado por passeata promovida pelo MST. O garoto pergunta ao pai o significado de “inclusão social”, nome estampado em faixas exibidas pelo Movimento.

- É o direito igual para todos, responde-lhe o progenitor.

- Os integrantes do MST são excluídos? - insiste o menino.

- Sim, confirma o pai.

Após rápido silêncio, o filho volta a indagar:

- Que devo ser quando crescer?

A resposta foi incisiva:

- Estude muito, muito mesmo, trabalhe dia e noite; assim, será alguém na vida.

O pai reconhecia a exceção.

Armarga exceção!

A viagem prossegue e o pai é multado por bloquear o trânsito. O MST, escoltado por policiais e acompanhado por uma ambulância para prestar socorro médico aos integrantes da marcha, obstrui a passagem de carros e pedestres, sem ser incomodado pelas autoridades.

A Marcha Vermelha superlota as artérias urbanas, com seus integrantes portando rádios de pilhas, dos quais ouvem músicas sertanejas que embalam alegres noitadas alcoólicas. Todos empunham ferramentas de trabalho jamais usadas, capazes de serem transformadas em perigosas armas de combate.

O movimento é político.

E guerrilheiro.

Em dado momento, os Sem-Terra param para fazer suas refeições, tomar um cafezinho, uma dose de cachaça, pitar um cigarro de palha e servir-se dos “banheiros químicos” instalados nos canteiros de flores das praças. Tudo patrocinado pelo poder público, com dinheiro dos impostos pagos pelos “incluídos socialmente”.

O filho a tudo assiste perplexo. Ouve do pai respostas indignadas. O “velho” não esconde seu desapontamento com políticos corruptos e populistas. A criança deseja saber se os integrantes do MST trabalham, pagam impostos e planos de saúde. A voz do pai, ao responder, soa como um grito de revolta:

- Não, eles não trabalham!

O jovenzinho admira-se das mordomias desfrutadas pelo movimento: repasse de verbas sociais, apoio logístico, refeições gratuitas, proteção policial, e muitos outros benefícios concedidos pelo governo.

E pela Justiça, que não pune seus atos criminosos.

Enquanto o trânsito permanece interrompido, o pai lamenta a multa aplicada por obstruir o trânsito e maldiz a hora, por chegarem atrasados ao trabalho e à escola.

As vias públicas estavam bloqueadas, com apoio da polícia. Nenhuma punição seria imputada aos manifestantes. Não são castigados nem mesmo quando, selvagemente, praticam desordens e dilapidam o patrimônio público ou particular.

Pai e filho reconhecem serem eles, como muitos de nós, os verdadeiros excluídos socialmente. Também acreditam que a farra andarilha não se extinguirá enquanto os “vermelhos” estiverem no poder.

Por quanto tempo?

O MST não tem pressa.