domingo, 8 de novembro de 2009

A prata da casa (crônica)

Não será por saudosismo, muito menos por esperança frustrada ou por revanchismo, que venho ao meu reduzido número de leitores, nesta oportunidade, discorrer sobre este assunto.

Situando-me a partir da segunda metade dos anos sessenta, na região Nordeste, lembro-me de estradas de terra esburacadas, lamacentas, de tráfego difícil e penoso. Lamacentas, sim, nas poucas vezes em que as chuvas mostraram-se generosas.

Por centenas de quilômetros, a viagem revelava-se cansativa. Os negócios que se pretendiam realizar em outras praças resultavam pouco lucrativos. O tempo de percurso entre uma cidade e outra onerava os custos do transporte. O excesso de consumo de combustível, as despesas com refeições e pousada e os gastos com peças de reposição dos veículos inviabilizavam os pequenos empreendimentos.

A economia da região, afetada negativamente por diversos fatores, principalmente pela carência de chuvas, que impediam a terra de produzir convenientemente, não conhecia o setor do “turismo”, hoje uma das principais, senão a principal alavanca do seu desenvolvimento.

A falta de boas estradas pouco estimulava os viajantes. Os raros turistas, à época, foram privados de conhecer as belezas naturais da região, suas praias aconchegantes, a culinária (mesmo a mais exótica) e seu povo espontâneo e hospitaleiro.

Lembro-me da rodovia ligando o alto sertão paraibano ao litoral do estado, asfaltada por um grupamento de engenharia do Exército. Foram 360 quilômetros de excelente trabalho.

A obra exemplar, extensa e durável, levou o sertão à capital e propiciou o progresso, a melhoria de vida do sertanejo, a comodidade do viajante e o surgimento de novas cidades; encurtou as distâncias, apressou o tráfego e integrou as comunidades rurais e citadinas.

Reconheço não ser da competência das forças armadas a construção de estradas, o asfaltamento e a sua conservação, como não seria atribuição sua edificar hospitais, escolas e presídios. Todavia, teríamos, dessa forma, a certificação de boa qualidade das obras, a baixo custo, resistentes ao tempo, sem a interferência maléfica de políticos aproveitadores, de empreiteiros apaniguados, também desonestos, corruptores e influentes no governo.

Ademais, seria a oportunidade de nossos militares aproveitarem melhor a estrutura física e operacional de suas instalações e equipamentos.

Admitindo como positiva a idéia, poderíamos concluir que a sua materialização levaria o país a somar capacidade, qualidade e disciplina; a diminuir custos, corrupção e má gestão da coisa pública; a multiplicar a infra-estrutura nacional e a sua riqueza, para, depois, dividir os benefícios com a população.

De verdade!

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