domingo, 11 de outubro de 2009

Esse é o cara! (crônica)

No mundo, tem mesmo gente pra tudo. Pessoas sábias, inteligentes, estudiosas; indivíduos incultos, estúpidos, preguiçosos; e, ainda, os espertalhões, ardilosos, desonestos e pilantras.

Aos últimos, melhor seria chamá-los de ladrões.

Na última classificação, encontram-se os que se locupletam do Erário, beneficiando a si e a seus apaniguados. Muitos políticos brasileiros fazem parte dessa raça miserável que envergonha pessoas inteligentes, que sabem discernir o bem do mal, o certo do errado, o sadio do podre.

Uma parcela pequena, infelizmente.

Para não ir mais além, fico por aqui, no meu solitário desabafo. Não pretendo, neste espaço, falar de políticos desonestos, de gente esperta, mal intencionada, de bandidos comuns ou de colarinhos brancos. Se me dispusesse a fazê-lo, seria necessário dispor de supercomputador para armazenar a miríade de escândalos patrocinada por excelências de todos os matizes.

Meu desiderato é esclarecer os incautos sobre o verdadeiro significado de expressões vernáculas, pronunciadas com interesses distorcidos da realidade. Também pretendo contestar os espertalhões que interpretam frases proferidas ao sabor das oportunidades, para dar-lhes convenientes significados.

Fato recente, de maneira até divertida, ocorreu no exterior. Na casa da Rainha. Não na residência do Zé Rainha, o invasor de terras particulares. A coisa aconteceu nos domínios de Sua Majestade, a Queen Elizabeth, em Londres.

Pois, bem. Barack Obama, presidente americano, para ser simpático a um dos seus convivas, disse considerá-lo “o cara”. E mais: confessou adorá-lo como o cara que ele é (ou deveria ser).

Obama apresentou o colega a um dos seus secretários. Disse-lhe o magistrado americano: “Esse é o cara!” O representante de Tio Sam, todavia, não complementou a frase, supostamente elogiosa. Tentarei dizer o que o presidente da América do Norte deixou reticente: esse é o cara… que se aliou a adversários políticos, outrora demonizados e taxados de corruptos; esse é o cara… que aparelhou a administração pública brasileira, tornando-a vermelha e sindicalista; esse é o cara… que fechou olhos e ouvidos às denúncias de corrupção de seus aloprados partidários; esse é o cara… que viaja país afora, inaugurando projetos ainda em gestação, para promover sua candidata a sucessora, uma guerrilheira de alto coturno; esse é o cara… que disse ter a mãe nascido analfabeta; esse é o cara… que disse ser o Oceano Atlântico apenas um rio caudaloso, de praia e areias brancas; esse é o cara … que profere frases grandiloqüentes, algumas desprovidas de bom senso e até ridículas.

O que mais poderia ser entendido na frase reticente do ilustre americano? Que o cara viaja sem parar, quase diariamente, entregando o país à administração dos aloprados?

Obama chamou-o de o cara, não como louvação aos seus predicados, mas por oportunismo, a fim de angariar simpatia ao seu governo e arrancar dele milhões de dólares para o FMI, órgão anteriormente desprezado nos arroubos eleitoreiros de o cara… de pau.

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