segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O ultimato - Capítulo VIII - O sequestro

Leia, a seguir, o capítulo VIII de O ultimato. Obrigado. Lamércio Maciel Braga.

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O sinal de trânsito estava fechado. Apenas um veículo aguardava a mudança do vermelho para o verde, ansioso por prosseguir a viagem.

O carro parado era um Astra prateado, modelo recente; seu motorista, um homem de meia idade.

Estava sozinho.

Aos domingos, poucos automóveis circulavam pelas ruas da cidade àquela hora.

As pessoas gostam de descansar dos cinco ou seis dias trabalhados na semana anterior e se recolhem ao aconchego do lar para repousar e atualizar o sono defasado.

É uma tradição.

Há, todavia, irrecuperáveis torcedores de futebol que enchem os estádios para aplaudirem desesperadamente seus clubes, alguns, sem nenhum merecimento. O esforço para assistirem aos jogos faz o espectador abster-se de algum conforto para pagar os caros ingressos que fazem a alegria dos cartolas. Grande número desses parasitas faz fortuna explorando a ingenuidade dos amantes do futebol.

Muitos clubes não valem o entusiasmo da torcida. Mesmo das desorganizadas e assassinas.

O Flamengo…

As ruas das cidades, nos dias de jogos, costumam ficar vazias de automóveis.

E de gente.

O Astra aguardava o sinal abrir. Roncava a cada pisada do motorista no acelerador. O gesto revelava a impaciência do condutor com a demora do semáforo em liberar a via para continuar adiante.

Em dado momento, dois homens surgiram em cada lado das portas dianteiras. Exibiam ameaçadoras armas de grosso calibre.

A ordem foi imperiosa:

– Para trás, rápido! – ordenou o mais forte, enquanto baixava o encosto do banco do motorista e fazia seu ocupante atendê-lo sem questionar ou esboçar reação.

O outro indivíduo acomodou-se no banco traseiro, depois de ter a porta aberta pelo companheiro, que acionou o dispositivo de destravamento.

Manietaram o refém e puseram-lhe um capuz na cabeça. Sem nenhuma palavra, seguiram estrada afora. A vítima estava empalidecida pelo medo.

O Astra virou à direita. Logo depois do sinal, um Gol azul-claro aguardava o instante de acompanhá-lo. Quando passou, foi seguido à distância.

Os sequestradores eram bastante jovens. Mediam aproximadamente um metro e oitenta cada um, vestiam calças jeans e blusas de malha preta. Um deles trazia o cabelo preso por um laço, em forma de “rabo de cavalo”.

A cabeleira do outro chegava aos ombros. Ambos exibiam as barbas crescidas e usavam óculos escuros. Apenas um deles imprimia ordens ao sequestrado. O mais velho mancava do pé direito.

O sequestro ocorreu sem testemunhas oculares. O veículo trafegava normalmente com os três homens a bordo; dois no banco traseiro.

Um deles era a vítima.

Nenhum dizia palavra.

O sequestrado não podia falar por que uma fita adesiva ligava uma orelha à outra e tapava-lhe a boca. Ninguém respondia aos seus murmúrios, interrompidos por “aconselhamento” de um dos sequestradores.

O Gol azul-claro seguia-os com atenção.

O homem dominado tinha baixa estatura, corpo obeso e cabelos grisalhos, bastante volumosos. Vestia-se esportivamente e calçava tênis de marca. Usava óculos de grau de lentes claras.

Ele nada via, porém.

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Leia o próximo capítulo
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