quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Saberei votar, eu, brasileiro? (crônica)

Aos sessenta e oito anos, próximo de completar sessenta e nove, já votei muitas vezes. Mesmo subtraindo o tempo em que fui impedido de exercer esse direito, por força do último regime de exceção, contribui para eleger alguns presidentes, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores.

Com essa idade, depois de frequentar a escola, inclusive de nível superior, de muito ler, ouvir e discutir temas sobre diversas áreas do conhecimento humano, de conviver com pessoas de notório saber, inteligentes, perspicazes, observadoras e críticas, julguei ter sabido escolher o dirigente do meu país, o governador do meu estado, o prefeito da minha cidade, e alguns legisladores capazes de elaborar e de votar leis justas e reparadoras de males passados.

Fui enganado.

Presidentes, governadores e prefeitos em quem votei não administraram corretamente o meu país, o meu estado e o município natal ou o que escolhi para viver e trabalhar. Revelaram-se incapazes como gerentes, perdulários, obsequiosos, interesseiros, apadrinhadores, alguns irresponsáveis e corruptos.

Os senadores e deputados que receberam o meu sufrágio, pouco ou nada fizeram para honrar suas promessas de campanha. Não se aliaram aos seus pares para votarem as reformas tributária, fiscal, política, da previdência e do judiciário, optando por alguns “remendos” aqui e ali, apenas melhorando o quadro que urgentemente precisaria mudar. Esqueceram de reformar leis e códigos que se afiguram obsoletos e que emperram o progresso do Brasil.

Isto, a nível federal. No âmbito estadual e municipal, as notícias não são mais alvissareiras.

Se pouco ou nada fizeram na gerência do estado e do município, ou se legislaram mal ou insuficientemente, perdi eu, e, por extensão, nós brasileiros de boa fé.

Certamente, joguei fora a oportunidade de ter escolhido para presidente, governador e prefeito, homens bem preparados para o exercício do cargo, dignos, conscientes de seus deveres, zelosos, fiéis aos compromissos e programas da campanha eleitoral e, sobretudo, honestos.

Possivelmente, perdi o ensejo de eleger senadores e deputados intelectualmente bem preparados, cônscios de seus deveres parlamentares e comprometidos com os interesses nacionais.

Desperdicei, também, a oportunidade de eleger vereadores que trabalhassem com seriedade e respeito por meu sofrido município.

Errei, ao sufragar-lhes os nomes.

Fui enganado pela propaganda eleitoral.

Meu julgamento foi um desastre!

Novas eleições estão próximas. Poderei ser novamente enganado ou induzido ao erro, votando mal novamente. Desta feita, porém, tentarei escolher melhor, embora não me seja fácil. Os políticos são os mesmos: velhas raposas, escolados, conhecedores de nossas fraquezas e de nossa incompetência como cidadão. Muitos são acusados de irregularidades administrativas e outros processados pela justiça. Quanto aos novos, que somente agora iniciam os primeiros passos rumo às urnas, precisamos cuidar para que não venham a nós, eleitores, como cordeiros travestidos de lobos.

Saberei votar, eu, brasileiro?

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